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Caso de amor com Cherokee Sport acabou quando ela precisou dos primeiros reparos

Com falha iminente no pivô apontada na última revisão, caso poderia ter sido resolvido se o proprietário tivesse seguido os conselhos do reparador quanto às manutenções preventivas. Para ajudar, a boa reputação do jipão foi por água abaixo quando o reparador apresentou os orçamentos e o proprietário preferiu 'deixar pra lá'

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Por Da Redação


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Existe um conceito de que quem tem um carro importado, tem dinheiro para mantê-lo, mas a experiência nos mostra que isso é cada vez menos verdade. A oferta de veículos usados no mercado dá condições de pessoas ‘menos afortunadas’ a comprarem o carro dos sonhos. Mas quando chegam os primeiros reparos, o sonho vira pesadelo e, em casos extremos, como é o dessa matéria, isso ainda pode trazer graves consequências.Encontramos um Jeep Cherokee Sport 3.7 V6 ano 2008 que estava com 72.350km rodados na oficina Hobby Car de São Paulo-SP, onde os reparadores Fernando Felfoldi e Marcos Paulichi nos contaram o histórico deste jipão.

A FALHA
Afinal, o que aconteceu com o famoso Jeep? “Simplesmente” quebrou o pivô dianteiro (Fotos 1, 1A e 1B) com o veículo em movimento. Segundo o reparador Marcos, o acidente só não foi fatal porque o condutor estava rodando em baixa velocidade.Mas não foi por falta de avisar: “este veículo (Foto 2) esteve em nossa oficina há seis meses e o proprietário foi orientado a efetuar alguns reparos preventivos, entre eles citamos a necessidade de troca dos pivôs. O proprietário optou por não fazer os reparos alegando não ter dinheiro para fazê-los. De lá para cá, como já prevíamos, ele precisou trazer o veículo para efetuar todos os reparos que tinham sido aconselhados e agora a falha foi no pivô”, relatou Marcos.“O pivô estava com folga e poderia quebrar, mas o cliente não deu a devida atenção e foi o que aconteceu. A sorte é que o veículo estava em baixa velocidade e o dano ficou apenas no componente, mas se isso acontecesse em outras condições, o prejuízo poderia ser estendido até a um acidente grave. Ele deu muita sorte!”, completou Marcos.“É muito comum presenciarmos isso em nossa oficina. O ‘cara’ chega com um carro importado com uma reclamação e quando fazemos um orçamento de tudo o que é necessário reparar, quase sempre pedem para fazer somente o básico e vão embora”, acrescentou Marcos.

Fotos 1, 1A, 1B e 2Foto 3AÍ COMPLICOU...
“Este carro é um pesadelo para realizar a maioria das manutenções. Uma simples troca de velas, por exemplo, leva o dia todo para conseguirmos terminar. Isso se dá principalmente porque o espaço para trabalhar no cofre do motor (Foto 3) é muito reduzido e para determinados reparos se faz necessária a remoção de outros componentes”, relata Marcos.“Em minha opinião o sistema de arrefecimento deste veículo é muito mal projetado. Para se ter uma ideia, para remover o radiador se faz necessária a retirada da frente inteira do veículo. Isso é um absurdo! Em um reparo destes levamos mais de dez horas para se tirar o radiador”, desabafou Marcos, e claro, com razão. “O pior de tudo isso é que este tipo de reparo tem se tornado cada vez mais frequente. A difícil manutenção associada ao pouco ou nenhum uso de etileno glicol, faz com que defeitos no sistema sejam a cada dia mais comuns. Qualquer limpeza do radiador faz de um serviço simples um trabalho enorme e, por consequência, um custo de mão de obra elevado, assim, nenhum proprietário aceita fazer a manutenção preventiva e depois acaba ‘se dando mal’”, relata Fernando.


DINHEIRO X CARRO IMPORTADO
Hoje em dia ter um carro importado não significa necessariamente que o proprietário tem condições de mantê-lo. Isso fica evidente nos comentários dos reparadores.“Cada vez mais aparecem clientes em minha oficina com carros importados que eram seus sonhos de consumo, mas depois que chegam as primeiras manutenções, o sonho vira pesadelo e convencer os clientes a realizar as manutenções apontadas é muito difícil”, apontou Marcos.Devido à mão de obra trabalhosa, algumas situações se complicam: “Agora imagina como podemos explicar a um cliente que cobramos R$ 600,00 a mão de obra para a troca de uma mangueira de R$ 20,00. Tem certas coisas que só nós reparadores sabemos pelo o que passamos mesmo. É fazer o orçamento, passar para o cliente se encolher e esperar a ‘bronca’, mas fazer o quê, não tem jeito mesmo”, completou Fernando.Fernando ainda disse: “Temos que ter muita disciplina e atenção para consertar estes carros. Além do fator tempo, que no caso deste sempre joga contra, oriento ao amigo reparador que sempre faça um bom e preciso diagnóstico antes de passar valores ao cliente, pois um orçamento ou diagnósticos errados podem trazer grandes prejuízos tanto para nós quanto para os clientes”.“Nosso prejuízo fica por conta de se errarmos podemos ter que efetuar mais reparos do que o orçamento apontou, assim nossa mão de obra prevista acaba não cobrindo o custo real. No entanto, se gerarmos novos orçamentos  de manutenções não previstas antes, podemos gerar desconfiança do nosso trabalho e bons clientes podem ser perdidos por conta disso”, finalizou Marcos.

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