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Nissan Kicks ganha aprovação das oficinas e os profissionais confirmam sua boa reparabilidade do veículo!

Mostrado no Brasil pela primeira vez no Salão do Automóvel de 2014, ainda como carro-conceito. Em 2016, começou a ser produzido no México, de onde passou a ser importado no segundo semestre!

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Por Sueli Osório


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A estratégia da montadora deu certo e ele terminou 2016 como o sétimo SUV mais vendido no País. Superou veteranos como Peugeot 2008 e Citroën Aicross, mesmo chegando às concessionárias somente em agosto. 

No início de 2017 o Kicks passou a ser montado no Complexo Industrial da Nissan em Resende (RJ), onde já eram montados na época o hatch March, hoje fora de linha, e o sedã Versa. O SUV compacto sempre registrou bons números de vendas. Assim como March e Versa, o Kicks foi projetado sobre a plataforma “V”, criada pela fabricante para a produção de carros mais compactos e acessíveis.

Atualmente, ele é o modelo Nissan mais vendido no Brasil e na América Latina. Você, com certeza, já notou uma quantidade razoável rodando por aí. Não é à toa: a soma de todos os Kicks vendidos no Brasil desde 2016 até os dias atuais já passa dos 175 mil. Seu melhor ano em vendas foi 2019, com mais de 56 mil carros e a quarta colocação no ranking geral dos SUVs, atrás apenas dos Jeep Renegade,Compass e do Hyundai Creta.

Com o aumento da concorrência entre os utilitários esportivos ele perdeu posições em 2020, mas ainda assim manteve bom volume de vendas. De janeiro até outubro de 2020 o Kicks ocupava o sexto lugar entre os SUVs, com quase 30 mil carros licenciados. Com isso, ele ainda abocanha uma fatia respeitável do bolo dos SUVs, 7,4%. Como comparação, o Volkswagen T-Cross (atual líder) tinha 11,7% até outubro.

Para construir essa reportagem, ouvimos os proprietários de três oficinas situadas no Grande ABC, considerado berço da indústria automobilística brasileira. Todos têm histórias de vida semelhantes, de muita luta, persistência e paixão pelo automóvel. 

O primeiro deles, Juliano Moretti, é o proprietário da Auto Mecânica Julio Moretti, em Santo André (R. Cel. Fernando Prestes, 703,centro, CEP 09020-110).

“Esse terreno foi comprado em 1955 para a construção da oficina. O local foi adquirido pelos irmãos Moretti e, com o passar do tempo, quem se tornou o único proprietário foi meu pai, Julio”, diz.

“No começo havia apenas um barracão e, aos poucos, foi construída uma primeira parte de concreto. Depois foi a vez do andar superior. Trabalho aqui há quase 36 anos e atualmente sou o único proprietário da oficina. Provavelmente, serei o último da família que continuará tocando o negócio aqui”, afirma. Juliano Moretti é engenheiro mecânico. Casado, ele tem duas filhas que atuam em outras áreas. Uma é turismóloga e a outra, terapeuta. 

Sempre atento às novidades, Juliano procura estar atualizado em relação às novas tecnologias para que a oficina possa receber os carros mais novos, mesmo tendo as dificuldades típicas de um pequeno comércio.  “Atualmente, o serviço de manutenção de carros é muito caro, as pessoas nem sempre têm os recursos necessários para bancar as despesas”, comenta o engenheiro. 

“Começamos a trabalhar em 1960, já faz 60 anos, e sempre buscamos aprimorar os serviços que fazemos. Procuramos constantemente nos atualizar para atender com respeito o nosso consumidor, fazer a melhor manutenção possível com preço justo.” 

Juliano disse que, neste momento de pandemia, foi muito difícil lidar com as incertezas. Era necessário ter caixa extra para segurar meses sem faturamento. “Como uma empresa pequena, poderíamos ter colocado nossos funcionários em layoff, mas procuramos mantê-los por perto. Antecipei férias, dei férias coletivas, tudo para garantir que eles pudessem receber regularmente seus salários e manter suas famílias. Pagamos todos os tributos e todas as contas, sem deixar nada para trás, e agora estamos tentando equilibrar o nosso sistema”, garante Moretti.

Outro dos mecânicos consultados por Oficina Brasil foi José Luiz Finardi, proprietário do Centro Automotivo Finardi, em São Bernardo do Campo (R. Dr. Amâncio de Carvalho, 941, bairro Baeta Neves, CEP 09751-470). Com 67 anos de idade, ele está com sua oficina aberta há 45 anos.

O profissional conta que por anos trabalhou no estabelecimento com o seu irmão, José Carlos Finardi. José Luiz também atuou na área de engenharia da Volkswagen do Brasil como piloto de provas e até teve a própria equipe de competição. Casado, José Luiz tem três filhos e agora, no segundo casamento, ganhou outros três por parte de sua esposa. No total, tem 16 netos. 

“Eu gosto desta vida de mecânico, de preparador de carros. É gratificante porque acredito que devemos fazer aquilo que gostamos. Sou o tipo de mecânico que trabalha por amor”, garante o proprietário da oficina.

Também ouvimos Antonio José Zampieri, que comanda o Auto Center Zampieri, de Santo André (R. Senador Fláquer, 770, centro, CEP 09010-160). Ele garante que começou a trabalhar na área quando ainda era adolescente, aos 14 anos. “Cheguei da escola um dia dizendo para o meu pai que queria ser mecânico. No dia seguinte ele já me levou a uma oficina para aprender o ofício.”

Atualmente com 75 anos de idade, ele exerce a profissão pela qual se encantou durante 61 anos ininterruptos. “Trabalhei muitos anos em revendas e depois montei esta oficina, há 24 anos. Aqui atendemos todas as marcas, mas minha especialidade é Ford.”

Zampieri exibe com orgulho os certificados nas paredes do escritório. Em seu currículo consta até mesmo a experiência com os modelos produzidos pela DKW Vemag no Brasil. Ele foi mecânico em uma concessionária da marca nos anos 1960.

Na oficina atual trabalham com ele mais dois funcionários. Casado há 51 anos, Zampieri tem dois filhos. Um se tornou dentista e o outro, professor. Nenhum se interessou em seguir a profissão do pai.  “Eles não querem saber de mecânica, afirma Zampieri”, que tem três netos. 

A parte da oficina em que fica o escritório recebeu também duas máquinas de costura. “Tenho uma linda esposa, Lourdes Alexandre Zampieri, que usa esse espaço durante os fins de semana. Ela é costureira desde os 11 anos de idade”, diz ele com orgulho.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Embora lançado há mais de quatro anos, o Kicks ainda mantém um estilo agradável. Uma característica da plataforma V é a boa distância entre-eixos (2,62 metros no Kicks), que resulta em espaço razoável para as pernas de quem viaja no banco traseiro. Mas o mecânico Juliano Moretti acredita que, se o motorista tiver mais de 1,80 metro de altura, vai comprometer o conforto daquele que se sentar logo atrás dele.

Os 432 litros de espaço no porta-malas também fazem parte da fórmula de sucesso do SUV compacto da Nissan. “Ele é ótimo para levar a bagagem da nossa família”, afirma Antonio Zampieri, que comprou um Kicks há um ano e meio. Ele também aprova o espaço interno do utilitário esportivo.

O Kicks é encontrado nas concessionárias Nissan em quatro opções, sempre com motor 1.6 flex de 114 cavalos, com desempenho razoável. Quando equipado com transmissão CVT ele acelera de 0 a 100 km/h em 12 segundos e atinge 175 km/h de velocidade máxima.

A posição de dirigir é boa, com todos os comandos bem à mão. A Nissan aplica em seus bancos dianteiros a tecnologia Zero Gravity. É claro que eles não anulam a força da gravidade, mas conseguem distribuir bem o peso dos ocupantes e reduzir o cansaço em trajetos longos. O mecânico Antonio Zampieri gosta da visibilidade, mas acha que o espelho retrovisor interno poderia ser maior.

O acabamento interno tem boa aparência, mas recebe grande quantidade de materiais plásticos, criticada por José Luiz Finardi: “Eles são barulhentos, especialmente em piso irregular. E faltam materiais de isolamento acústico.”

Outro mecânico, Juliano Moretti, ressalta que o carro avaliado era novo e acredita no aumento de ruído das peças plásticas com maior quilometragem e exposição prolongada ao sol e calor. Em suas observações, Finardi criticou também a construção da carroceria: “Quando se fecha a porta traseira, a estrutura onde estão as dobradiças se movimenta. Isso em longo prazo pode resultar em trincas”, acredita.

A versão mais acessível do Kicks é a S com câmbio manual de cinco marchas. Neste caso, as rodas são de aço estampado com calotas que imitam rodas de liga leve. Mas a caixa manual e as calotas estão longe de representar um atestado de pobreza.

A lista de itens de série inclui acendimento inteligente dos faróis, ar-condicionado (com ajustes manuais), controles eletrônicos de tração e estabilidade (VDC), direção com assistência elétrica e volante com controles do computador de bordo/áudio/telefone.

Os faróis têm assinatura de LED. A lista de itens de segurança inclui sistema Isofix para prender cadeirinhas infantis. Também na versão de entrada o carro recebe sistema de áudio com rádio AM/FM com quatro alto-falantes, entrada auxiliar e conectividade com CarPlay e Android Auto. Já os retrovisores externos têm controle manual na versão S. 

Todos os Kicks recebem sistema partida a frio Flex Start, que dispensa o uso do tanquinho auxiliar de gasolina. 

Logo acima do Kicks S manual vem o S CVT – a versão avaliada pelos reparadores. Além do câmbio com relações infinitamente variáveis ele recebe rodas de liga leve e controlador automático de velocidade.

A seguir vem o intermediário SV, também com câmbio CVT. A partir dele o acabamento interno recebe material sintético imitando couro, airbags laterais e de cortina, câmera traseira com imagem integrada ao display do rádio, chave presencial, faróis de neblina, retrovisores externos com regulagem elétrica e indicador de direção por LED, mais rodas de liga leve de 17 polegadas com pneus 205/55.

A versão topo de linha, SR, acrescenta apoio de braço central, ar-condicionado automático com controle digital, câmera com visão 360 graus, detector de objetos em movimento (MOD) e faróis dianteiros em LED. Traz também uma central multimídia bastante completa, que inclui CD e DVD player e conexão à internet por Wi-Fi, entre outras funções.

Os retrovisores externos do Kicks SR têm rebatimento automático. Todas essas características fazem do carro uma opção interessante para famílias com até cinco pessoas. 

Um ponto negativo do Kicks é a capacidade do tanque de combustível, de apenas 41 litros. Isso resulta em uma autonomia de pouco mais de 300 quilômetros na cidade quando abastecido com etanol. E mesmo numa situação oposta, com gasolina e em estrada, a autonomia fica abaixo dos 600 quilômetros.

MOTOR

Ao contrário de seus principais concorrentes, que recebem mais de um tipo de motorização, o Nissan Kicks traz o mesmo 1.6 de 16 válvulas e 114 cavalos a 5.600 rpm para todas as versões. O torque informado pela montadora é de 15,5 kgfm a 4.000 rpm. Há outros 1.6 aspirados mais potentes, mas este vem dando conta do Kicks por causa do baixo peso do carro, 1.129 kg na versão avaliada.

Para Juliano Moretti, o Kicks é um carro bom de andar. Ágil, responde bem ao acelerador. Também é preciso dizer que o SUV recebeu a letra A do Inmetro no selo de eficiência energética. Tem boas marcas em consumo na cidade (7,7 km/l com etanol e 11,4 km/litro com gasolina) e também na estrada (9,4 km/l com álcool e 13,7 km/litro com o derivado de petróleo). Este motor tem cilindrada exata de 1.589 cm³ e recebe duplo comando de válvulas,variável apenas para a admissão. Bloco e cabeçote são feitos de alumínio.

O acionamento do comando é por corrente metálica em vez de correia dentada de borracha, detalhe elogiado nas oficinas consultadas. “É uma grande vantagem, pois a quebra de uma correia dentada resulta em danos ao cabeçote, ao motor”, recorda Finardi. A injeção eletrônica é do tipo multiponto semissequencial e indireta.

Antonio Zampieri garante que no dia a dia, pelo tamanho do veículo e desempenho, ele é bem econômico.“O percurso que faço diariamente é muito curto e o consumo está melhor do que o especificado no manual do proprietário.”

Um ponto negativo ressaltado pelo mecânico Juliano Moretti é a necessidade da remoção do coletor de admissão para acessar velas, bobinas, válvulas de injeção e o aquecedor do sistema. “Isso requer cerca de uma hora a mais de trabalho para alguns serviços, o que eleva o valor da mão de obra e o custo total do serviço”, diz o proprietário da oficina.

Em contrapartida, ele gosta do espaço disponível para algumas manutenções no motor do Kicks: “A correia de acessórios tem bom acesso, mesmo que seja preciso soltar a caixa de roda do lado direito”, diz. José Luiz Finardi concorda nesse ponto. Para ele, o acesso ao motor não é difícil e cita como exemplo a manutenção do alternador e também o acesso e substituição da correia de acessórios. “Os componentes não são muito compactados na dianteira.” Finardi chamou a atenção para a emenda aparente na correia de acessórios, que sugere fragilidade da peça.

Moretti mostra que o tubo de escape e o sensor de oxigênio são de fácil acesso. A troca dos filtros também. “O tanque é de plástico e desce fácil. Sua remoção não requer a desmontagem de nenhum outro sistema.” 

José Luiz Finardi revela que também é fácil trocar a bomba de combustível, não é preciso remover o tanque. “A bomba sai por cima, é uma vantagem sobre outros modelos atuais.” Fã do carro, o mecânico Antonio Zampieri assina embaixo: “O Kicks tem espaço suficiente para realizar a manutenção.”

TRANSMISSÃO

Diferentemente das caixas manuais, automatizadas, automáticas convencionais ou de dupla embreagem, as transmissões CVT utilizam duas polias continuamente variáveis que substituem parte das engrenagens do câmbio. Elas são ligadas por uma correia e permitem uma combinação infinitamente variável de relações de marcha. O resultado é uma aceleração linear, sem trancos.

No caso do Kicks, a relação mínima é de 0,458 e a máxima, de 4,006. A relação do diferencial é de 3,921. Para reduzir o que alguns chamam de “efeito chiclete”, aquela sensação de demora na resposta às acelerações típicas do CVT, o câmbio do Kicks tem função Sport e é capaz de simular seis marchas.

Mas não há a opção de aletas (borboletas) atrás do volante para fazer essas trocas em nenhuma das versões, nem mesmo como opcional. Ainda assim, o carro é agradável de dirigir. Combinado a esse câmbio, seu motor 1.6 trabalha sem muito barulho debaixo do capô quando se anda a 120 km/h.

FREIOS, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

Como o Kicks tem pouco mais de 110 cavalos, a Nissan optou por utilizar freios a tambor na traseira do carro, até como forma de reduzir o custo final do veículo. Na dianteira, o utilitário esportivo recebe discos ventilados. Para o mecânico Juliano Moretti, os freios do Kicks têm manutenção convencional.

O sistema antitravamento ABS adotado pela Nissan inclui, desde a versão de entrada, controle eletrônico de frenagem (EBD) e assistência de frenagem (BA). A versão topo de linha recebe ainda alerta de colisão com assistente inteligente de frenagem. 

As suspensões também são convencionais e não trazem nenhum tipo de surpresa para os mecânicos entrevistados. A dianteira é independente do tipo McPherson com barra estabilizadora. A suspensão traseira é por eixo de torção. Zampieri ressalta a facilidade de remover o protetor de cárter.

“Não tem nada que seja dificultoso. As bandejas triangulares, a barra estabilizadora, tudo tem fácil acesso”, afirma Juliano Moretti. O conforto oferecido não é uma unanimidade. “É um carro áspero e barulhento quando roda em piso irregular. Rodando com ele, ouço um ruído provavelmente causado pelos batentes de amortecedores”, diz José Luiz Finardi, que, no entanto, concorda com a facilidade de manutenção. 

Antonio Zampieri viaja com alguma frequência a uma chácara e aprova a estabilidade do seu Kicks. 

A versão de entrada recebe controles eletrônicos de tração e estabilidade. E a eletrônica embarcada na versão topo de linha SR inclui controle inteligente em curvas (Active Trace Control) e do freio-motor (Active EngineBrake), mais estabilizador inteligente de carroceria (Active Ride Control).

A direção do Kicks tem assistência elétrica na medida certa. Não exige esforço em baixa ou alta velocidade. Essa sensação agradável é reforçada pelo volante pequeno e com boa empunhadura. A relação de direção informada pela montadora é de 16,8 e o volante dá 3,1 voltas de batente a batente. O raio de giro mínimo é de 10,2 metros. José Luiz Finardi alerta que parte dos ruídos ouvidos em piso irregular vem da caixa de direção.

ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE

Como todo projeto atual, o Kicks utiliza uma arquitetura eletroeletrônica complexa desde a versão de entrada. Todos recebem sistema inteligente de partida em rampa (HSA), travamento central automático das portas e do porta-malas com o veículo em movimento, além de vidros dianteiros e traseiros elétricos (com sistema um-toque para o motorista). A partir da versão intermediária SV ele traz sensor de estacionamento, sistema eletrônico de ignição (botão Push Start) e abertura das portas sem o uso da chave.

O Kicks também tem boa conectividade. O sistema de áudio das versões S manual e automática mais a SV tem uso intuitivo e conta com entrada auxiliar para MP3/MP4/iPod/AUX, conector USB, Bluetooth e conectividade com CarPlay e Android Auto, além do rádio AM/FM.

A tela integrada ao rádio é colorida, sensível ao toque e tem sete polegadas. A versão topo de linha SR vai além, com uma central multimídia que inclui CD e DVD player, função RDS, conexão à internet por Wi-Fi pela plataforma Android e download de aplicativos. Também é compatível com Carplay e Android Auto. Sobre o CD/DVD player, é verdade que os mais jovens acham dispensável, mas os “tiozões” agradecem.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

A Nissan é uma marca relativamente nova no Brasil. Em outubro ela comemorou 20 anos de atuação no País. No ano 2000 ela passou a importar veículos e, pouco depois, em 2002, iniciou a produção da Frontier no Paraná. Sua rede não é pequena, tem 178 concessionárias, mas fabricantes instalados há mais tempo como GM, Fiat e VW rondam as 500 revendas cada um.

Talvez por isso seja compreensível que montadoras com menos tempo de casa encontrem alguma resistência entre os reparadores: “Como a eletroeletrônica desse carro é bem grande, tem vários sistemas como direção elétrica, controle de estabilidade, freios ABS e uma série de itens eletrônicos, não sei se na hora que houver a necessidade de manutenção e precisar de sensores, atuadores, unidades de gerenciamento, programações, se isso vai ter de fato fácil acesso e o quanto vai onerar a manutenção do veículo”, diz Moretti. “A gente não sabe se o mercado de reposição estará com tudo à disposição para manutenção.”

“Normalmente, quando a gente trabalha com a linha Nissan, há dificuldade de acesso às peças tanto na rede autorizada como no mercado normal de reposição. Não é fácil como em outras linhas e também é mais caro.” Segundo Moretti, este é um problema comum quando se trata do sedã mexicano Sentra e da Livina”, diz, referindo-se à minivan que deixou de ser produzida no Brasil. 

Quando apresenta o orçamento, Zampieri costuma indicar as peças originais ao cliente, “dando como opção o mercado paralelo, como no caso das pastilhas de freio. Mas costumo advertir que a distância de parada das originais é menor, o que aumenta a segurança.”

José Luiz Finardi diz que o mercado paralelo tem cerca de 70% dos itens de reposição, mas alguns itens específicos, como os componentes para motor, têm de ser originais. Ele diz ainda que os itens para Nissan custam entre 20% e 25% a mais se comparados com os de marcas com mais tempo no mercado brasileiro.

Juliano Moretti informa que até consegue descontos de 10% a 20% em concessionárias da região onde atua, mas se queixa também de alguma dificuldade de encontrar itens no mercado de reposição que não sejam pastilhas, filtros e outras peças de reposição frequente.

Antonio Zampieri diz que não tem muita dificuldade para encontrar as peças para seu Kicks, “a menos que seja algo especial, que tenha de fazer o pedido antes. Mas o restante é normal, sem problema nenhum.” Vale dizer que a Nissan mantém um centro de distribuição de peças também em Resende, na mesma cidade onde produz os carros.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

A dificuldade de encontrar referências para manutenção do Kicks e outros Nissan foi uma das reclamações dos mecânicos consultados. “Não temos acesso, a não ser por publicações especializadas como a Oficina Brasil. Já a Volkswagen nos manda mensalmente um boletim técnico”, informa Antonio Zampieri.

José Luiz Finardi diz que encontra ajuda em algumas entidades como o Sindirepa, por exemplo. “É preciso pesquisar sempre.” Juliano Moretti diz que costuma recorrer à rede autorizada para consultar eventualmente um catálogo ou a vista explodida de um item, sempre “na base da camaradagem” pela falta de acesso a um canal de informação. 

RECOMENDAÇÃO

Os proprietários das oficinas aprovaram o Kicks de maneira geral pela relativa facilidade de manutenção, também pelo espaço para a família, uso em viagens e recomendam o carro. “Como tem rodas e pneus grandes, alguns podem ter a impressão de ser um carro mais duro. Outros estranham o consumo com etanol, mas não há nada muito diferente de outros”, diz Antonio Zampieri.

Para José Luiz Finardi, o Kicks é um bom carro, sobretudo na cidade. “Tudo depende do usuário. Se for um motorista comum, cuidadoso, não há problema.” Juliano Moretti também gostou do utilitário esportivo, mas teme a perda do valor de revenda, como ocorre com outros Nissan, citando como exemplo o Tiida e (novamente) a Livina.

“O Kicks é bom, mas é preciso lembrar que a maioria ainda está dentro do período de garantia (de três anos), em que a manutenção se resume às trocas de óleo, filtros e pastilhas. Resta saber o que vai ocorrer quando tiver passado esse período e a manutenção mais complexa tiver de ser feita nas oficinas independentes”, conclui Moretti. 

 

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